quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Um pouco da noite!

A primeira noite do projeto MaPa foi de casa cheia. A banda subiu ao som de uma máquina de escrever e os convidos se revezaram no palco. Quem foi viu boa música, textos idem e mais não dá para dizer. Abaixo, seguem poemas que foram recitados pelos participantes. Quarta que vem tem mais!



Chacal
CIDADE
cidade: parada estranha

aglomerações
linhas cruzadas
engarrafamentos

estranha cidade parada

cristalização de caos tédio estupor
escornada no espaço
veias abertas pedindo mais mais sempre mais

cidade: paradinha sinistra

babel bélica
bando de gente a ir a algum lugar nenhum
infinito véu de pulsações
gases desejos dejetos
palavras & balas
perdidas perdidas perdidas

cidade: sinistríssima parada

tudo é recriado e se esfumaça
seus citroens seu rock and roll
luzes da ribalta refletem na sarjeta
what's going on
as prensas não podem parar
notícia notícia notícia
revista já vista já velha
reprocessando matéria
clonando idéia
novelha novelha novelha

parada cidade estranha

choque elétrico todo dia
a dias meses anos
desintegrar - bang big -
numa implosão final
impotentes paras formatar
bilhões de bytes
trilhões de raios catódicos
em expressão inteligível

cidade : parada estranha

excesso exagero coisa fumaça
corpo crivado de bits
corpo crivado de bits
corpo crivado de bits

NÚMERO DA PAIXÃO
na corda bamba
quero ser teu contrapeso
no número das facas
assoviar nos teus ouvidos
no globo da morte
quero ser teu co-piloto
no vai e vem do trapézio
quero ser quem te segura

quero te acompanhar pelas ruas do rio
sorrindo ou chorando
quero me molhar todinho só pra te deixar
sequinha nesse temporal
quero te abraçar apaixonado
sentir teu coração pulsar
quero te beijar do oiapoque ao chuí, bem ti vi

porque eu sei que teus cabelos
são tempestades que me alucinam
que despencarei cada vez que subir nos teus andaimes
que me esfaquearei transtornado
com tuas sutis insinuações sobre o tempo
que me transmutarei em nêspera
cada vez que me disseres:
- hasta luego, luz del fuego
que vagarei sem esperanças não mais fizeres parte
das cenas dos meus próximos capítulos
que capitularei enfim, com a cabeça espatifada
nos escombros do meu próprio coração






Pedro de Hollanda

Corrupção pintada no palhaço
Pó, ema sua mulher !
Pô ! Chá ..., tossem pregos
Grana tá perta da gente !
Filhos sem cu, me dá
O que tiver moço ... - Hino
Nosso é pedir esmola
Pra ricaço, esse filho, dá
Mãe um pouco de lei ?
- Te dou filho ...
Corro opção quando
Pinta a polícia de palha, aço
Circular é função dela.

saudação à laranja mecânica
Como Pessoa eu nunca tive heterônimos
Como bicho eu nunca tive heterônimos
Como Lygia eu nunca tive bichos
Como Lygia, ela está nua depois de tê-la comido
Comum à Pessoa o bicho de Lygia
Clark, clock, Clark, clock
Clockwork orange?
Stanley, Stanley, Stanley
Kubrick, Kubrick, Kubrick.



Nosso muito obrigado a Ana Rodrigues e Daniel Chiacos, que fotografaram o primeiro dia de apresentações! Foi bonito!