quinta-feira, 5 de março de 2009

Enfim o ano começou!




Nessas férias começamos a preparar nosso primeiro CD. Em breve mando notícias dele. Para final de abril, começo de maio teremos mais uma edição do projeto. Enquanto isso vamos ver as fotos e os comentários enviados pelas meninas do Madame Kaos que participaram da 6ª edição de dezembro passado.



MK + MP =

Foi bastante interessante subir no palco para "brincar" de coisa séria. Fazer música com poesia como parte de um experimento. O palco como tubo de ensaio, os instrumentos como elementos líquidos ora pingados com conta gotas - ora despejados com vigor dentro do tubo, os poemas como as bolhas que resultam da experiência ou fumaça, explosão! O público como "cobaia". Nos sentimos de verdade num palco-laboratório de química e olha que nunca fomos lá boas alunas nesta matéria, mas nos surpreendemos com o que fizemos, o que sentimos, o que ouvimos. Agradecemos ao Projeto MaPa por ter nos convidado para dividir esta noite memorável com vocês. Obrigada pela confiança e por possibilitar que comemorássemos um ano de grupo numa situação tão inesperada e deliciosa.

MADAME KAOS
Beatriz Provasi, Juliana Hollanda e Marcela Giannini






Segue um poema que participou do laboratório.


TODAS ELAS, Beatriz Provasi

a santa e a puta me habitam
na casa que sou
ora mosteiro
ora pardieiro
pouco bate a luz do sol
tenho hábitos noturnos
e hábitos de freira
hábitos me vestem de negro
coabitam na vastidão do escuro
ora clausura, convento
ora vento, raio, tufão
ora sussurro de palavras, oração
e o verbo se solta, o sangue ferve, vira verve
elas sentam juntas no meu colo para tomar chá
com pedrinhas de açúcar e tilintar de colheres
há pouco o que se falar
são mulheres
outras vêm brincar no jardim dos meus cabelos
são ainda crianças a me fazer tranças embutidas
uma me faz cócegas nos pés
só para eu dar risada sem motivo
todas moram em mim
as pequenas dormem cedo
a santa reza antes de deitar
a puta se deita acordada
há pouco o que se falar
todas têm medo
do escuro, de deus, do desassossego
todas rezam na hora do aperto
e guardam, sempre, a navalha entre os dedos



Marcela Giannini, do Madame Kaos, no palco com a banda.